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Cabear ou Não Cabear, eis a questão?

Aproveitando a famosa e mais reaproveitada frase de Hamlet, obra de Shakespeare, que apesar de muito antiga faz alusão a um grande problema do nosso dia a dia. Dúvida essa que vem atormentando todos os donos de provedores wireless (sem fio), pois em dias incertos, onde o governo só ajuda as grandes operadoras, com financiamentos monstruosos em troca de favores, os pequenos ficam tentando sobreviver, tentando investir no futuro para não ficar no prejuízo.

Fiz diversas pesquisas, conversei com vários colegas da área, com alguns donos de provedores que já estão executando o processo de cabeamento, e realmente, eliminei minha dúvida e gostaria de passar o mesmo esclarecimento para outros.

Em um curso, que participei o professor/instrutor/consultor Bruno Cabral disse: “Provedor de Internet vive reinvestindo, se reconstruindo praticamente do zero e jogando fora a tecnologia antiga por uma mais nova”.

Infelizmente, isso é uma realidade. Quantos provedores que tinham internet discada e estão com diversos modens parados, RAS e sem falar no próprio wireless (sem fio), passando por rádios como Orinocos, Samsungs, Ovislinks, Aprouters, Star-Os. Hoje, todos estes, estão praticamente encostados ou servindo como simples clientes, para reduzir o prejuízo da aquisição dos mesmos. Fora os que estão por vir como Rockets, Bullets, Nanos, Mikrotiks e a infindável quantidade de cartões que surgiram e desapareceram.

Se fossemos somar, todos esses investimentos feitos no decorrer da vida do provedor, lembrando que quanto mais antigo é o provedor, essa soma aumenta ainda mais. Daria para montar pelo menos uns cinco provedores diferentes e fica ainda pior esse total, se fizermos a proporção do poder de compra comparando, por exemplo, R$ 10 mil reais em 2000 e hoje em dia.

E ainda mais, o mesmo Bruno Cabral citando o grande oráculo da internet brasileira, o sábio Rubens Kuhl Jr., falou sobre a necessidade dos provedores sere donos de seus meios de transmissão. Pois na utilização do spectro, rede wireless (sem fio), você não é o dono do meio e a Anatel pode fazer o que bem-entender, mas cabeado é outra história, bem diferente. Além disso, provedores de internet sem fio concorrem entre si, pois um vê a antena na casa de um cliente do outro e vai lá oferecer seus serviços e descontos. Já o cabeado fica mais complicado saber quem tem ou não tem para oferecer”.

Então, o que fazer?

A primeira ação é decidir o seu foco para o futuro. O provedor é um negócio e é preciso saber se você tem força de vontade de continuar mesmo depois de tantas intempéries, senão tem, aproveita a onda e o vende bem vendido.

A próxima ação, será decidir qual tecnologia a utilizar, GPON? FTTH? UTP? Fibra? HFC (Hybrid Fiber-Coax – Fibra / Cabo Coxial) ou Infra-estrutura de TV a Cabo?

Se pensarmos em todas as possibilidades, seria interessante utilizar um padrão que apesar do custo tenha um retorno rápido, de fácil instalação e oferecer vários serviços além de internet e ter um comprador no futuro, caso queira sair do ramo.

Não vou debater cada uma das tecnologias citadas acima, pois todas têm os seus prós e contras, como ter de levar energia junto do cabo, precisar de servidor específico para fornecer TV entre outros. Vou opinar e falar da mais interessante que achei, no ponto de vista prático e que vivencio como usuário.

Desse movo, estou falando do padrão HFC (Hybrid Fiber-Coax) ou o novo padrão de infra-estrutura de TV a Cabo. Este padrão une duas tecnologias, a fibra óptica para backbone e o cabo coxial para terminação até o cliente final.

É a tecnologia mais cara, se pensar em custo de implantação, mas permite trafegar livremente TV, sem precisar de conversor, para oferecer canais abertos (assim poderia oferecer um combo Internet/Tv ao cliente, que não precisará mais de antena/parabólica) e depois oferecer canais pagos no sistema digital, utilizando um aparelho set-o-box para evitar piratas; oferecer velocidades altíssimas de Internet; Voip/Telefonia e Câmeras de Segurança.

O licenciamento está para ser aprovado, onde o custo da licença estimasse em torno de R$ 10 mil reais por cidade ao invés dos altíssimos valores cobrados anteriormente para ser uma TV a Cabo.

Os modens podem ser comprados de segunda-mão e alguns conseguem sofrer atualizações que permitem expandir sua velocidade. Existe ainda a troca de centrais dependendo da evolução de velocidade, porém pode transferir facilmente os equipamentos da central para cidades vizinhas e ir expandindo sua rede.

A relação custo do material começa a ser relativo ao técnico e custos envolvidos ao levar o cabo para dentro da casa do cliente comparado a uma instalação wireless (sem fio), pois não precisarão de um técnico subindo em um telhado, acarretando custos com telha quebrada, furo em locais irregulares, riscos de quedas, falhas no processo de apontamento da antena, interferência, o velho problema entre cabo maleável e má qualidade de sinal e o tal de impressora parou de funcionar.

Alguns provedores irão justificar contra, que hoje com os Nanos e alguns Aps simplificaram a instalação, até por utilizar PoE e entregar cabo de rede direto na rede do cliente, mas de qualquer maneira onerou o custo com técnico, pois agora ele precisa saber configurar esses radinhos e utilizará pelo menos dois técnicos nessa instalação, o “anteneiro” e o técnico do radinho para dizer qual torre pegou melhor sinal.

O cabo é bem mais simples de passar, bem maleável, comum na cor branca ficando mais “invisível” e estamos falando de velocidades em Mega. Os técnicos sofrem menos riscos na instalação e nem precisarão conhecer de rede, pois basta ligar o cabo no modem e verificar se as luzes indicativas acenderam. Pronto. E pode se integrar soluções através do SNMP para ver se o cliente está ativo, conectado antes mesmo de enviar um técnico até o local.

Portanto, cabear é a melhor solução para o provedor que quer sobreviver. Parafraseando aquele comercial dos cartões, você ser dono da sua infra-estrutura não tem preço. A possibilidade de virar uma TV a Cabo e oferecer outros serviços agregados também é um diferencial. Permitir ter um pacote para brigar de igual com as grandes operadoras será fundamental para ganhar uma sobrevida e no pior/melhor caso, depende do ponto de vista, vender para a mesma por uma pequena fortuna.

Segue alguns links de referência:
- http://www.gta.ufrj.br/grad/99_1/marcus/HTML/Intcatv.html
- http://www.gta.ufrj.br/grad/03_1/cabo/index.htm
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Cable_modem
- http://informatica.hsw.uol.com.br/modem-cabo.htm

Contato do Bruno Cabral:
-  contatocfide@gmail.com